AINDA A POLÊMICA DO LIVRO RASGADO

 

(Por Vanedja Cândido Barbosa)

 

 

ÊÊÊÊ... Essa sou eu, como sempre, chegando atrasada aos debates. Aguardo a paciência chegar para entrar nesses temas e, quando acho que posso contribuir trazendo à discussão algum ponto que considero não ter sido suficientemente explorado, manifesto-me. Se você é um adventista um tanto desinformado sobre o mundo denominacional de março deste ano, permita-me contextualizá-lo.

 

No último mês, o pastor jubilado Horne Silva pregou no Unasp – Campus São Paulo sobre música e rasgou várias páginas do livro Música: sua influência na vida do cristão, de Ellen White. Segundo ele, por não estarmos seguindo os conselhos inspirados sobre o tema. Foi grande a repercussão: algumas pessoas exaltando e outras execrando a atitude do pastor.

 

Em seu blog, Michelson Borges escreveu um parágrafo introdutório defendendo o sermão. Em seguida, postou o sermão completo do pastor Horne. Leia o texto neste link: http://www.criacionismo.com.br/2014/03/o-pastor-que-rasgou-o-livro.html?spref=fb.

 

Esclareço que não critico aqui a pessoa do Pr. Horne nem de Michelson Borges, pois não os conheço. Segundo ouço, são verdadeiros cristãos. Jamais duvidei disso. Contudo, é necessário separar aqui a pessoa das concepções teológicas que ela abraça. Com certeza, a graça divina os fez enxergar e ensinar maravilhosos aspectos da fé que talvez eu nunca alcance. Não é isso o que está em questão aqui. Porque alguém ama a Jesus não significa que não possa estar equivocado em algum ponto. Todos estamos equivocados em muita coisa. Todos! Quando buscamos viver de forma honesta, a vida se torna um constante abandonar de equívocos. “Temos muitas lições a aprender, e muitas, muitas a desaprender. Unicamente Deus e o Céu são infalíveis. Os que pensam que nunca terão de desistir de um ponto de vista acariciado, nunca ter ocasião de mudar de opinião, serão decepcionados” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v.1, p.37).

 

Para isso Deus criou a vida comunitária, para que os crentes pudessem exortar-se e crescer mutuamente. De maneira alguma escrevi para causar desunião, e sim motivada justamente pelo amor que nos une em Cristo. Afinal, "amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que haja falta de amor" (V. Maiakovski).

 

Abaixo, trechos da postagem seguidos dos meus comentários.

 

###o pastor e doutor Horne Silva apresentou [...] um sermão que causou polêmica [...] porque alguém filmou apenas uma pequena parte [...] e postou no Facebook ###

Não. Não houve polêmica porque um trecho foi descontextualizado (na verdade, o restante do sermão é tão sofrível quanto o excerto que aparece no vídeo). Houve polêmica pelas acusações agressivas e infundadas aos músicos adventistas, pois todo o sermão não usa a Bíblia para chegar às conclusões. Continue a leitura e entenda.


### De um lado, houve quem aplaudisse a atitude corajosa do pregador; de outro, houve quem o acusasse de fanático, extremista e exagerado. ###

 

1) Nem sempre coragem é virtude. O mundo está cheio de pessoas cheias de coragem para fazer muitas coisas reprováveis. Zelo é ótimo, mas com entendimento (Rm 10.2).

 

2) Pôde-se ver muitos louvando a coragem do pastor, mesmo que não houvesse absolutamente nenhuma defesa bíblica às acusações feitas à música adventista. Apenas gente indo ao delírio com o sensacionalismo gerado. Parece que tanto faz se tem conteúdo bíblico ou não, desde que o que se diga possua ares de santidade e confirme de alguma forma o status quo.

 

Nossos púlpitos estão saturados de sensacionalismo e shows pirotécnicos, enquanto carecem da simplicidade da cruz e do Evangelho. “O sacrifício de Cristo como expiação pelo pecado é a grande verdade em torno da qual se agrupam todas as outras. A fim de ser devidamente compreendida e apreciada, toda verdade da Palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse, precisa ser estudada à luz que emana da cruz do Calvário” (Ellen G. White, Obreiros evangélicos, p.315).

 

Lamentavelmente, mais púlpito desperdiçado, em que não foi possível aprender mais da Bíblia, que ficou aguardando para ser exposta. Nas fugazes aparições que fez, foi tão desrespeitoso para com a hermenêutica sadia – que Horne aprendeu no seminário –, que talvez fosse melhor não ter aparecido. Voltaremos a esse ponto mais adiante.

 

### houve até atitudes desrespeitosas com um pastor que tem PhD em teologia e que lecionou por muitos anos para muitos pastores que hoje trabalham na obra ###

 

Nada justifica desrespeito. Faço apenas alguns lembretes:

 

1) Conforme o próprio link que Michelson fornece no texto, Horne Silva não é PhD; é doutor em Ministério. Apenas lembrando porque muitos brandiram o suposto PhD do pastor como se isso fosse capaz de justificar qualquer coisa que ele diga.

 

2) Um título, ao invés de outorgar poderes mágicos para dizer qualquer coisa, deveria conferir a seu portador melhor bom senso e acuidade para emitir uma opinião. A responsabilidade dele aumenta. Se um irmãozinho sem instrução pregasse algo de conteúdo bíblico tão fraco e de tom gratuitamente opressor àqueles que trabalham pela música na igreja, seria um tanto compreensível. Contudo, nesse caso, arvorar os títulos do pastor Horne não o ajuda em nada, ao contrário, acresce-lhe a culpa.

 

3) A história aponta que muitos dos que causaram terríveis danos à igreja tinham um currículo invejável (vide D. M. Canrigth, A. T. Jones, J. H. Kellogg e Desmond Ford). Não comparo Horne aos tais; estou apenas lembrando que diplomas e extensa ficha de bons serviços prestados não eximem ninguém de erros. Pode não ter sido isso que Michelson quis passar, mas foi exatamente o que muitos interiorizaram ao lê-lo e ver o vídeo. O que mais houve foi louvor a méritos humanos, em detrimento de argumentação bíblica que abonasse o sermão. Tudo numa atitude gritantemente antibereana. Currículo acadêmico e bons serviços Paulo possuía bastante, além de algo que ninguém hoje pode ostentar: autoridade apostólica; contudo, Lucas elogiou a nobreza dos bereanos ao não aceitarem as ideias do próprio apóstolo sem exame bíblico (At 17.11). Vejo-me, então, obrigada a dizer tal obviedade: autoridade acadêmica é muito importante e ajuda a conferir credibilidade, mas não pode ser usada como “cala a boca”, entravando o debate. Esse é um argumento inválido tão conhecido que figura em todos os manuais de lógica e é chamado de Falácia da Autoridade. Falácia é um tipo de argumento falso. A moral cristã nos impede de ter parte com qualquer coisa falsa (Fp 4.8). Logo, se você é cristão e usa tal expediente, abandone-o agora, em nome de Jesus!

 

4) Seria bom que o autor definisse o que entende por desrespeito. Se houve desrespeito, deve ser combatido, não importa de que lado. Contudo, vale ressaltar que discordar não é sinônimo de desrespeitar, nem se isso for feito de forma veemente.

 

### vêm sendo feitas críticas também às mensagens sem “substância teológica” que estão sendo apresentadas em muitos púlpitos.###

 

Estou sinceramente engajada em procurar a “substância teológica” no sermão do Pastor Horne e ficaria muito grata se alguém pudesse me ajudar a ver onde ela se escondeu. Uma observação desapaixonada mostrará que o sermão em momento algum explica algum texto bíblico; quando o tenta fazer, é com uso de texto-prova (versículos fora de contexto).


### Estamos estudando o assunto ou o que mais conta é o nosso gosto?###

 

Talvez seja útil lembrar que a pergunta pode e deve ser feita de ambos os lados e que, ao contrário do que alguns tentam fazer parecer, os que subscrevem os argumentos do pastor Horne não detêm o monopólio do estudo do assunto.

 

### Como pregador, ele quis usar um recurso impactante para despertar a reflexão em torno de um assunto delicado. Talvez esses que o criticaram de modo agressivo fizessem o mesmo ao ver Isaías profetizando nu ou ao contemplar Moisés despedaçando as tábuas de pedra escritas pelo dedo de Deus ###

 

Será que o fato de um personagem bíblico haver uma vez procedido de determinada forma sempre irá abonar tal procedimento hoje? Imediatamente após quebrar as tábuas da lei, Moisés ordenou que os idólatras fossem mortos. Alguns poderiam argumentar que apenas a primeira parte da atitude do profeta seja válida hoje, e a segunda, que veio exatamente em seguida, não. Mas com base em qual raciocínio podemos concluir isso tão seguramente?

 

Como o próprio Michelson cita, Isaías profetizou nu. Será que o blogueiro se levantaria contra os que se indignassem se um pregador atual ficasse nu no púlpito? Michelson usaria o mesmo argumento, de que aqueles que falassem contra tal atitude de um pregador atual também ficariam contra Isaías, milênios atrás? Será que é tão difícil entender que, esporadicamente, Deus fez pedidos incomuns aos patriarcas e profetas (vide o pedido a Abraão de sacrificar seu único filho) e que tais coisas não são salvo-conduto para que alguém as pratique hoje? É tão difícil entender que o pastor Horne não é profeta? É realmente tão difícil entender a ponto de trazer ao assunto uma ação de um homem que ouvia a Deus tão nitidamente quanto escutamos a voz do pastor no vídeo e comparar tal ação com a de um pregador moderno que, por mais zeloso e sincero que seja, não é canônico nem escuta a Deus audivelmente?

 

### Ele [pastor Horne] me disse o seguinte: “O que fiz foi consciente e contristado porque não estamos dando a Deus a música que Ele merece.” ###

 

Só o fato de ele achar que somos capazes de sequer aproximar-nos de dar a Deus qualquer coisa da forma que Ele merece, já diz muito sobre sua teologia equivocada no quesito adoração. Quando acharmos que alguma vez demos a Deus algo que esteja à altura dEle, que Ele mereça, então, COM CERTEZA há algo MUITO errado com nossa adoração. “A questão não é apenas que não estamos dispostos a agradar a Deus; somos incapazes de agradá-Lo” (Mike McKinley).

 

Ellen White nos diz que “os serviços religiosos, as orações, o louvor, a confissão penitente dos pecados, sobem dos verdadeiros crentes como incenso para o santuário celestial; mas ao passar pelos corruptos canais da humanidade ficam tão poluídos que, a menos que purificados pelo sangue, jamais podem ser de valor perante Deus” (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 344). Sim, a melhor adoração que possamos oferecer a Deus é corrupta e poluída. É mesmo um desrespeito com o Céu julgar que algo que ofereçamos pode chegar próximo do que Deus merece!

 

“Podemos descuidadamente dar a impressão de que nossa contribuição é que torna nossa adoração aceitável para Deus. Achamos que convencemos Deus a nos ouvir pelos arranjos musicais sofisticados ou nossa adoração impecável, ou até mesmo pela sinceridade do nosso coração. Não é a excelência da nossa oferta que faz nossa adoração ser aceita, mas a excelência de Cristo” (Bob Kauflin). “Cristo”?! Que Cristo, se em vez de falarmos dEle no púlpito nos dedicamos a rasgar livros e a acusar?

 

Faça a seguinte pesquisa em sua igreja: saia perguntando a todos, jovens, idosos, homens, mulheres, líderes: “O que é o Evangelho?”. Então aflija-se com as respostas vazias, superficiais, quando não completamente heréticas que você ouvirá. Agora, faça outra pesquisa: pergunte quais ritmos e instrumentos musicais as pessoas aprenderam a repetir que são errados. Aí não restarão dúvidas aos entrevistados.

 

O seu coração não fica devastado ao perceber que nossos irmãos “sabem" muito sobre ritmos e instrumentos musicais (assuntos sobre os quais não vemos a Bíblia se preocupar), mas não sabem NADA sobre Cristo e o Evangelho do Reino (tema do qual a Bíblia fala incansavelmente, de capa a capa)? Será que não enxergamos que há algo realmente MUITO errado e que não tem que ver com música, mas com ausência de Bíblia? Não sei quanto a você, mas isso, literalmente, arranca-me o sono e as lágrimas dos olhos. Vejo muitos aclamando cultos em que a Bíblia não é ensinada, desde que os instrumentos e acordes estejam “certos” (pelos critérios de sabe-se lá quem). Apenas a certeza de que Deus guia Sua igreja para não irmos ao desespero ante tal situação.

 

### O uso extensivo que ele faz de textos de Ellen White se deve ao fato de que o destinatário de sua mensagem é a Igreja Adventista.###

 

Justamente por se destinar a adventistas, que creem no dom profético de Ellen White, o pastor não deveria ter feito dos textos dela o centro de seu sermão. Afinal, sob inspiração divina, a própria Ellen White alertou incansavelmente contra o (mau) uso que sermões como o do pastor Horne fazem de seus escritos (veja o anexo ao final deste artigo).

 

### Os ouvintes não têm paciência e preparo para ouvir um sermão expositivo ou doutrinário, uma boa pregação.###

 

Sem nenhuma nota de sarcasmo aqui, pergunto-me se foi por isso que Horne escolheu não pregar justamente o tipo de sermão que, diz Michelson, impacienta os ouvintes.

 

O que me deixa mais estarrecida é que nos afastamos tanto da Bíblia que, para a maioria, um sermão “pastor Horne” é realmente pregar a Bíblia. Quando se diz que nossos púlpitos carecem de Bíblia, as pessoas não fazem ideia do que dizemos. Nem é por mal; é que elas realmente foram ensinadas a achar que falar com ar de severidade, supostamente chamando o pecado pelo nome, certamente é pregar a Bíblia.

 

Muitos não se preocupam em averiguar se os textos usados pelo pregador dizem realmente aquilo em seu contexto (sem exagero, sequer lhes é ensinado o que é contexto), não se preocupam se o pregador se ocupa mais em ler Ellen White do que em fazer o povo aprender o significado de alguma passagem bíblica (ensinar às pessoas o SIGNIFICADO de uma passagem é muito diferente de citar passagens).

 

Não é reformando a música na igreja que veremos algum reavivamento. Estude os reavivamentos bíblicos (2Cr 17.9; 2Cr 34.30-33; Ne 8) e veja que simplesmente NÃO EXISTE reavivamento e reforma que não comece com a Bíblia e não tenha como finalidade a Bíblia. Estude-a respeitando o sentido original do texto; ensine às pessoas o significado correto das passagens, ensine-as a deixarem de lado as confortáveis psicologizações da Bíblia, as belas alegorizações da Palavra que pastores e leigos tanto fazem no púlpito (sem a menor dor na consciência, em vez de se ocuparem em ensinar a Palavra ao povo). Levante-se contra sermões que só pregam distrações (por mais santificadas que pareçam) e não pregam “Cristo e este crucificado” (1Co 2.2).

 

O pior é que, insisto, estamos tão alienados da Bíblia que, se o pregador é um bom orador, seja ele severo ou carismático, nem sequer percebemos quando estamos sendo “enrolados” e a Bíblia não está sendo ensinada. Se ele preencher o tempo contando historinhas de corrente de e-mail, frases de efeito de Facebook, lendo textos de Ellen White ou mesmo textos bíblicos, mas aplicando-os ao que bem entender, então, para nós, a Bíblia está sendo pregada. Piada! Abra o olho! Em que os sermões da sua igreja têm lhe ajudado a abrir a Bíblia e compreender contextualmente o que você está lendo, como se deu no tempo de Esdras (Ne 8.7-12)? Não se deixe enganar! Enquanto nos dedicamos a coar mosquitos, engolimos todos os dias o camelo do analfabetismo bíblico (cf. Mt 23.24), desde que o povo saiba que ritmo X é pecado. Abre o olho, gente!

 

Eu realmente creio que a situação da adoração em nossa igreja está lastimável, mas por motivos diferentes do que pregadores como Horne levantam. Nossa adoração é defeituosa porque nossos púlpitos estão cada vez mais escassos de pregadores dispostos a tomar um texto bíblico e explicá-lo aos ouvintes, em vez de assumir a cômoda postura de transformar o sermão num desfile de textos-prova, frases de efeito, palavras ríspidas ou “água com açúcar” – depende do tipo de carnalidade que se esteja querendo alcançar: se dos liberais ou dos tradicionais. Não seja tolo! Apesar da sinceridade de quem estiver no púlpito, Satanás tem tipos de carnalidades diferentes para cada tipo de pessoa. Não importa se a carnalidade dos libertinos de Corinto ou dos ascetas de Colosso (Cl 2.20-23), o que importa é que a Bíblia não seja pregada.

 

### Eles querem mensagens leves, com forte apelo emocional.###

 

É inegável que a mensagem inteira do pastor Horne teve um “forte apelo emocional”, mas nem todos conseguem perceber o quanto ela foi leve. Foi leve porque a Bíblia foi mera decoração, foi leve porque não exaltou Cristo nem a cruz.

 

Se estamos cansados de mensagens “água com açúcar”, então a receita bíblica não é outra senão pregar CRISTO. Certa vez, vários discípulos abandonaram Jesus dizendo: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”(Jo 6.60). Jesus não falou ali sobre instrumentos, ritmos e mensagens satânicas escondidas em livro X ou música Y, e sim acerca dEle mesmo, de relacionamento em espírito e em verdade com Ele, de Seu sacrifício (Jo 6.22-59).

 

Logo, quer pregar mensagem dura? Ótimo, mas o faça de maneira BÍBLICA: pregue CRISTO! Pregue a contracultural e escandalosa mensagem da cruz (1Co 1.18 e 23; 2.2; Gl 3.1, 5.11 e 6.12, 14; Fp 3.18; Cl 1.20), seja falando de música ou de qualquer coisa.

 

Quer pregar palavras de conforto aos sobrecarregados? Não pregue sermõezinhos melosos, rasos e de autoajuda. Pregue CRISTO (Mt 11.28)! E não se preocupe: CRISTO é mais do que suficiente, tanto aos que precisam ser confortados, quanto aos que precisam ser sacudidos.

 

Temos cantado que “há poder em Teu nome, Jesus. Há esperança em Teu nome, Jesus. Temos força em Teu nome, Jesus”. Temos cantado: “Jesus, Teu nome satisfaz” (Hinário Adventista, nº 104). Tudo mentira! Apenas cantos hipócritas ou sem sentido para nós, já que quando se fala sobre “pregar Jesus”, a primeira coisa que vem à cabeça de muitos é um sermão sem força e substância. O que tem força é falar dos perigos do rock, de mensagens subliminares ou de qualquer outro assunto. Definitivamente, grande parte de nós não acredita que há poder no nome de Jesus, que o nome dEle satisfaz, dada a constatação óbvia de que temos procurado toda espécie de subterfúgio em vez de trabalhar em prol de mensagens verdadeiramente doutrinárias e ao mesmo tempo cristocêntricas.

 

Mais adiante, o pastor Horne cita vários textos de Ellen White, que, da forma como foram usados, extirpados de seu contexto original, podem significar qualquer coisa. Por exemplo, ele cita Ellen White dizendo que a boa música deve ser “suave como o canto dos pássaros”. Como isso se daria em termos musicais? Isso excluiria marchas bélicas, tais como os hinos de batalha que temos em nosso hinário? Excluiria o “forte clangor de trombeta”, sob o qual a Bíblia diz que Cristo retornará? Sim? Não? Por quê?

 

Dada a falta de espaço aqui e a forma vaga como tais textos foram citados, gostaria de passar às duas passagens bíblicas que ele usou para mostrar como nossa música tem sido reprovável aos olhos Deus.

 

### Agora, e a Bíblia? Não fala nada? Não precisa falar muito para incluir tudo que é certo e errado quanto à música. Vamos ler Amós 5:23, que diz: “Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas liras.” A Bíblia na Linguagem de Hoje é mais clara: “Parem com o barulho das suas canções religiosas; não quero mais ouvir a música de harpas.” E a Bíblia Viva é ainda mais enfática: “Acabem com esse barulho das suas canções; eles são um barulho que incomoda Meus ouvidos. Não ouvirei suas músicas, por mais belas que sejam.”###

 

Meu coração fica sinceramente apertado ao ver esse tipo de uso da Bíblia em nossos púlpitos. Irmãos, não sejam iludidos! Não é o citar passagens bíblicas que faz de algo uma mensagem bíblica. Citar passagens, até neopentecostais fazem. Devemos aprender a ler a Bíblia de forma honesta para com o contexto da passagem.

 

Primeiro, o pastor tenta fazer exegese com base em traduções, coisa que qualquer estudioso sério sabe ser incorreto (não que ele não o seja, não o conheço, mas a honestidade me obriga a dizer que ele falhou aqui). Ele usa não só traduções, mas traduções que, como se sabe, são indicadas para uma leitura mais devocional, e não para um estudo exegético, por se tratarem mais precisamente não de traduções, mas de paráfrases, como é o caso da Bíblia na Linguagem de Hoje e da Bíblia Viva.

 

Leia você mesmo o real contexto da passagem de Amós: 

 

“Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis tributo de trigo, não habitareis nas casas de pedras lavradas que tendes edificado; nem bebereis do vinho das vides desejáveis que tendes plantado. Porque sei serem muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta” (v.11-12).

 

Assim, o pobre estava sendo oprimido, o suborno era algo corriqueiro... Diante de tanta iniquidade, Deus exclama:

 

“Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que Me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não Me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados” (v. 21-22).

 

Deus fala não apenas que não quer o “estrépito dos cânticos”. Ele fala até mesmo das “assembleias solenes”. Diz que não quer nem mesmo os holocaustos e ofertas que Ele mesmo instituiu. Deus estava rejeitando até mesmo o que Ele próprio ordenara, por causa da iniquidade do povo, não porque o culto fosse ruidoso.

 

Não estou defendendo um culto barulhento. Estou defendendo o uso responsável da Bíblia, não a forçando a dizer o que ela não diz mas que gostaríamos que dissesse. Estou também me colocando contra a aplicação que o pastor faz, dizendo que nossos cultos são barulhentos. Segundo o critério de quem? Seria muito interessante se ele utilizasse critérios mais objetivos para acusar a música de nossa igreja.

 

Segundo o raciocínio do pastor, pode-se até mesmo “provar” que Deus é um ser bipolar, que pede as coisas e depois as odeia. Afinal, Isaías 1.11-12, 14-15,17 diz:

 

“De que Me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não Me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. De que Me serve a Mim a multidão de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não Me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante Mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios? As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a Minha alma as aborrece; já Me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas”.

 

Deus diz que não quer os sacrifícios, os rituais que Ele mesmo ordenara, não porque o povo não estava cumprindo as prescrições divinas quanto aos rituais em si, mas porque as mãos do povo estavam “sujas de sangue”. A linguagem é exatamente a mesma de Amós. Deus estava farto não dos cânticos deles em si, mas porque o povo os oferecia com o coração iníquo.

 

Agora, pegue o texto de Amós que, conforme vimos no contexto, trata da corrupção ao esmagar o pobre, ao aceitar dinheiro para julgar injustamente e fale de música na igreja. Qual a relação? Somente relativizando, e muito, o texto para fazer tal ligação. Não entendo como o pessoal fala tanto contra o relativismo (e tem que falar mesmo), mas o relativismo na interpretação bíblica, fazendo essas aplicações tortas e agindo como se um texto bíblico pudesse significar várias coisas diferentes do que significou aos seus ouvintes originais, esse relativismo, tudo bem. Faria bem estudarmos nossa teologia:

"A Escritura afirma também existir da parte dos escritores bíblicos uma bem definida verdade-intenção, e não uma multiplicidade de significados subjetivos e livres” (Tratado de teologia adventista do sétimo dia [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011], p. 75). O texto “não pode significar o que não significava para o autor e para os leitores” (Compreendendo as Escrituras: uma abordagem adventista [Engenheiro Coelho: Unaspress, 2008], p. 220).

“O que o texto bíblico significava no princípio em seu ambiente original é precisamente o que texto significa para nós hoje. Qualquer aplicação de um texto à nossa situação deve estar ligada ao significado original. [...] Somente depois de um texto ser devidamente compreendido em sua situação original podemos mudar-nos para sua aplicação” (idem, p. 113, 127).

 

### Ao profeta Ezequiel Deus disse: “Ao Meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o imundo e o limpo” (Ez 44:23).###

 

O que o pastor não se dá ao trabalho de fazer é mostrar como, biblicamente, separar o santo do profano na música. Se eu quiser dizer que é profano usar vermelho na plataforma (há igrejas no interior que ensinam exatamente isso), terei tanta autoridade quanto o pastor Horne teve para usar esse texto em seu sermão sobre música.

 

### Espere! Vamos com calma. Estamos vivendo numa nova era. Temos que levar em consideração a cultura.###

 

Ele não sabe, mas a visão musical dele é totalmente cultural. Aquilo que a cultura execra, a igreja execra junto. Não por ser bíblico (geralmente, as pessoas não se perguntam isso), mas, com base no senso comum cultural, é que aceitamos ou excluímos elementos. Numa época em que piano era considerado pecado, a igreja também o considerou. Depois, quando o mundo não mais enxergou dessa forma, a igreja acompanhou e, hoje, o piano é tido como símbolo de pureza musical.

 

Hoje, o mundo já aceita as músicas que o pastor Horne reprova. Como a igreja sempre tem um delay grande, vai aceitando bem aos poucos, mas aceita. O próprio pastor Horne faz isso, provavelmente. Assim se deu com o estilo barbershop, que teve um início conturbado na igreja e, hoje, é visto como sinônimo da chamada “boa música”. Assim também foi com os spirituals, cuja literatura musical de nossa igreja tanto atacou nas décadas de 1970 e 1980 e, hoje, o pessoal escuta o spiritual “Hei de estar na alvorada”, gravado pelos Arautos do Rei, sonhando em “regressar aos idos de outrora em que havia música sacra de qualidade”. Tudo cultural.

 

Ajudaria muito se, em vez de sermos ensinados a nos apartar da cultura, ensinassem-nos a remir a cultura (vide Paulo pregando aos atenienses em Atos 17). Se nos ensinassem a entender o senhorio de Cristo na cultura, a entender que Deus derrama graça comum a todos (Mt 5.45) e que todos, mesmo ímpios, guardam resquícios da Imago Dei (é isso que faz com que um juiz descrente possa dar uma sentença justa, por exemplo). Portanto, podemos e devemos garimpar as virtudes divinas que encontramos em nossa cultura. Mas, como faremos isso se sequer conhecemos a Bíblia e se sermões como o do pastor Horne só nos ensinam a repetir o que sempre ouvimos em nossa cultura eclesiástica (que, por vezes, não passa de um eco da cultura de nossa sociedade – um eco bem atrasado, mas, ainda assim, um eco) sem nunca questionar de onde tiramos as definições que usamos para explicar os textos que apresentamos?

 

Sermões como o do pastor Horne têm nos ensinado a aproveitar a cultura, sim, mas, infelizmente, o pior dela: a cultura de não investigar a Bíblia e pautar-nos em nossas próprias tradições e preconceitos; a de ler a Bíblia através das lentes da cultura, não importa se da cultura de vários anos atrás, como geralmente é feito (e aplaudido).

 

### 1. Que tal se disséssemos aos europeus que no Brasil adoramos a Deus ao som de samba, frevo, forró, pagode ou axé? Esses são ritmos mais relacionados com a cultura brasileira. E não o rock, o blues, o jazz, swing da música gospel.###

Que argumento é esse?! Onde está o arrazoado bíblico nisso? Sem falar que a Europa está se acabando em materialismo e ele acha que chocaria os europeus com músicas regionais...

 

O argumento é vazio também porque os europeus sabem aproveitar músicas regionais para glorificar a Deus, e não nos indignamos quando eles o fazem. Eles sabem usar a melodia de “Há um país”, que não passa de uma melodia popular da Irlanda, executada em bares, e colocar uma letra belíssima. Muitos dizem que Lutero também soube fazer isso com seus hinos, aproveitando melodias populares.

 

Esse argumento se utiliza daquilo que o pastor Horne tanto critica: a cultura. Parte da premissa de que não seria culturalmente aceitável a um europeu usar frevo ou bossa na adoração. Até tenho algumas ressalvas quanto a se utilizar tais ritmos na adoração, mas assumo que são ressalvas culturais. Tenho um receio enorme de ir além do que está escrito e fico abismada com a facilidade com que alguns de nossos líderes o fazem. Deus, em Sua sabedoria, julgou por bem que dentre todos os séculos e autores utilizados para escrever Sua Palavra, Ele não inspirasse nenhum a deixar o mínimo princípio contra algo que sempre existiu no mundo e que supostamente é tão nocivo – estilos musicais. Mas eu, um mero ser humano do século 21 (com ou sem PhD), no fundo, considerando-me mais sábia do que Deus, busco falar onde a infalível Palavra de Deus se cala. É simplesmente assustadora a audácia! Até os demônios estremecem diante de Deus, mas nós não temos crido o suficiente para sentir nem sequer um arrepio ao legislarmos tão categoricamente onde o Soberano do Universo não legislou.

 

Seria muito útil que tivéssemos um ensino teológico sólido sobre quem é Deus, o que nos levaria ao santo temor de não incorrer em tal desrespeito. Desrespeito para o qual não se vê a menor preocupação em se cair. Creio piamente que, quando o estudo responsável de Sua Palavra faz com que Ele Se agigante diante de nós, teremos cada vez mais receio de colocar palavras em Sua boca. Quando o assunto é adoração, somos categóricos demais (em proibir), repetidores do que sempre se disse demais e estudiosos de menos. Algo está errado quanto à nossa maneira de enxergar a majestade de Deus quando invertemos os valores dessa forma.

 

### O problema é que a igreja quer se tornar como o mundo, com a desculpa de trazer os que estão fora, no mundo. Mas com isso ela está se “mundanizando”, secularizando.###

 

Fala-se que devemos ser diferentes do mundo. Isso está correto. A grande pergunta é: diferentes em quê? Caso eu me vista tal como o cantor brega Falcão, sem dúvida eu serei a pessoa mais diferente do meu trabalho e de onde eu for. Quem define em que devemos nos diferenciar?

 

Gostaria de perguntar ao pastor Horne o que é mundanismo. Como a Bíblia define isso? Sempre citam 1 João 2.15, onde simplesmente aparece a palavra “mundo”. A definição da palavra fica por conta da imaginação de quem cita. Para uns, refere-se a cavanhaques; para outros a usar bermuda; para os amishes, a usar água encanada... E assim, reinam nossas definições culturais e nada de Bíblia.

 

Curiosamente, quando tal texto é citado, isola-se o verso (prática mais do que comum em nossos púlpitos) e se esquece de citar o verso imediatamente posterior: “porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1Jo 2.16).

 

Ninguém está biblicamente autorizado a usar a imaginação aqui; o verso 16 já define para nós o que é o mundanismo nesse texto. Note que, dentre outras coisas, ele fala de “soberba”. Quantos sermões vemos por aí dizendo que se você é soberbo, você é mundano? Em contrapartida, quantos vemos dizendo que se você usa esmalte é mundano? Mesmo porque, o que você acha que é mais cômodo abandonar: um esmalte ou a soberba? (Bem, conheço pessoas extremamente soberbas que não usam nem manteiga de cacau nos lábios para não serem “mundanas”.) Assim, passamos a falar do que o texto NÃO fala e, fatalmente, deixamos de falar do que ele FALA. É essa a fidelidade que devotamos à Bíblia?

 

"Contos ociosos [isto é, tolices] são introduzidos como verdades importantes, e para alguns eles são na verdade estabelecidos como pontos de prova. Assim se cria a polêmica, e a mente das pessoas é desviada da verdade presente. Satanás sabe que, se ele pode fazer com que homens e mulheres se absorvam em insignificantes detalhes, as questões de maior relevância serão deixadas sem atenção. Ele fornecerá abundância de matéria à atenção dos que estiverem dispostos a pensar em assuntos fúteis, sem importância. A mente dos fariseus estava absorvida com assuntos destituídos de valor. Eles passavam por alto as preciosas verdades da Palavra de Deus para discutir as tradições transmitidas de geração a geração, as quais de maneira alguma diziam respeito a sua salvação. E assim hoje enquanto momentos preciosos estão passando para a eternidade, as grandes questões da salvação são menosprezadas por alguma falsidade" (Ellen G. White, Mensagens escolhidas, v. 1, p. 171).

 

Oro pelo dia em que deixaremos de ver tanto assunto FRÍVOLO abordado em nossos púlpitos e a BÍBLIA será aberta, explicada e pregada, para glória de Deus!

 

### No entanto, devemos ter equilíbrio. Equilíbrio em quê? Equilíbrio entre o sacro e o secular? Entre o santo e o profano? Existe equilíbrio entre o “assim diz o Senhor” e o coração enganoso do homem? “Que comunhão pode ter a luz com as trevas”? (2Co 6:14). Equilíbrio entre nossas convicções pessoais e a orientação divina? Salvação não é questão de equilíbrio, mas de fé e santificação. ###

 

"Equilíbrio em quê"?! Que tal equilíbrio no seguinte:

 

"Em cada século Satanás tem procurado prejudicar os esforços dos servos de Deus pela intromissão na igreja do espírito de FANATISMO. Assim foi nos dias de Paulo e assim foi também durante o tempo da Reforma. Séculos mais tarde, Wycliffe, Lutero, e muitos outros que abençoaram o mundo por sua influência e fé, encontraram as astúcias pelas quais o inimigo busca levar ao fanatismo extremado mentes DESEQUILIBRADAS e não santificadas" (Ellen G. White, Atos dos apóstolos, p. 348).

 

"Nada se faça de maneira desordenada, para que não haja grande perda ou sacrifício de propriedade, devido a DISCURSOS ARDENTES E IMPULSIVOS QUE DESPERTAM UM ENTUSIASMO QUE NÃO É SEGUNDO A VONTADE DE DEUS; para que, por falta de EQUILIBRADA MODERAÇÃO e devida contemplação, e de sadios princípios e propósitos, uma vitória que necessitava ser ganha se transforme em derrota" (Ellen G. White, Mensagens escolhidas, v. 2, p. 362-363).

 

"Como o ministério do Espírito Santo tem importância vital para a igreja de Cristo, é o decidido empenho de Satanás, por meio dessas EXCENTRICIDADES DE GENTE DESEQUILIBRADA E FANÁTICA, cobrir de opróbrio a obra do Espírito Santo e induzir o povo a negligenciar a fonte de virtude que Deus proveu para o Seu povo" (Ellen G. White, O grande conflito, p. 9-10). 

 

### Tenho conhecimento e vivência para mostrar o problema e dar a solução. Mas prefiro que Ellen White nos diga o que devemos fazer... ###

 

Aqui ele denuncia de onde tirou seu ponto de vista: do próprio “conhecimento e vivência”. Ou seja, ao que parece, para chegar à solução dele, a Bíblia é mero apêndice, que pode ser usado ou não. Novamente, surge a questão da cultura. Ele tem muita vivência imerso na cultura que diz que música X é errada sem nunca se questionar de onde vem essa ideia. Vivência cultural 1; Bíblia 0.

 

### Ó, Senhor! Tenha misericórdia de nós. Perdoa a nossa maneira indevida de Te adorarmos. Ajuda-nos a aprendermos a Te adorar na beleza da Tua santidade. Que o nosso culto e a nossa música sejam para Tua honra e glória. Amém! ###

 

Subscrevo completamente o trecho acima, mas por motivos diferentes, que creio terem sido esclarecidos acima. Nossa situação realmente é terrível.

 

Deus nos ajude!

 

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*Alguns textos de Ellen White acerca da relação dos escritos dela com a Bíblia:

Não solicito, porém, que acatem as minhas palavras. Coloquem a irmã White de lado. Não citem outra vez as minhas palavras enquanto viverem, até que possam obedecer à Bíblia. Quando vocês fizerem da Bíblia seu alimento, sua comida e bebida, quando fizerem de seus princípios os elementos de seu caráter, conhecerão melhor como receber conselho de Deus. Exalto a preciosa Palavra diante de vocês neste dia. Não repitam o que eu declarei, afirmando: ‘A irmã White disse isto’ e ‘A irmã White disse aquilo’. Descubram o que o Senhor Deus de Israel diz, e façam então o que Ele ordena’”(Mensagens escolhidas, v.3, p.336).

 

“O irmão J. busca confundir a mente das pessoas, esforçando-se por fazer parecer que a luz que Deus nos concedeu por meio dos Testemunhos [os escritos de Ellen White] constitui um acréscimo à Palavra de Deus, mas com isso apresenta os fatos sob uma luz falsa. [...] A Palavra de Deus é suficiente para iluminar a mente mais obscurecida, e pode ser compreendida de todo o que sinceramente deseja entendê-la” (Testemunhos seletos, v. 2, p. 279).

 

“Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas” (O grande conflito, p. 595).

 

“Os testemunhos da irmã White não devem ser postos na dianteira. A Palavra de Deus é a norma infalível. Não devem os Testemunhos substituir a Palavra. Todos os crentes devem manifestar grande cautela no expor cuidadosamente esses assuntos, e fiquem em silêncio sempre que houverem dito o suficiente. Que todos provem a própria atitude por meio das Escrituras e fundamentem pela Palavra de Deus revelada todo ponto que alegam ser verdade” (Evangelismo, p.256). 

 

“A Bíblia é a norma para provar as alegações de todos os que professam santificação” (Fé e obras, p.51).